Pedras no caminho? Nossos hábitos e padrões antigos #dia5

Sempre evito fazer compras de mercado ou alguma atividade de organização da casa no final de semana. Só faço mesmo quando sinto vontade ou quando não houve realmente tempo de fazer durante a semana. Gosto da ideia de pensar em “dias especiais” que nos remetem a descanso, a filmes, passeios e surpresas. Devido aos longos meses de inverno, os canadenses valorizam muito as estações mais quentes, especialmente o verão, então quando reservo esses “dias especiais” penso sempre nos finais de semana como “meus verões” para o ano todo.

Por isso, já fazia muito tempo que não ia ao mercado em um sábado, mas como a despensa estava pedindo reforços, me convenci a me aventurar. Além disso, eu precisava de um novo caderno para o meu Diário nessa Jornada de #365 dias. Aqui no Blog tenho conseguido, audaciosamente, compartilhar um resumo, mas o registro acontece primeiro no diário, até para que eu possa processar as ideias e também incluir minhas leituras com o Tarô e outras Mensagens que recebo. 

Mas, para ser bem sincera, confesso que o caderno foi a minha principal motivação.Quando ficamos um pouco mais recolhidos parece difícil voltar à “vida comum”.

Desde o início do dia, senti uma espécie de ansiedade, porém, diferente do que já havia sentido antes. Minha mente parecia tranquila, mas meu corpo estava em sinal de alerta, como quem caminha com mais cautela por lugares desconhecidos ou passa por um desafio inesperado. Mas, quando ir às compras se tornou uma “tarefa desafiadora”‘?

Sem conseguir entender direito, decidi sair de casa assim mesmo (“vai passar”, eu pensei). Porém, na rua essa sensação foi ficando mais forte. Rapidamente, me senti “misturada” ao todo, como se estivesse perdendo o meu espaço pessoal. Eu não conseguia mais me envolver no que estava fazendo e nem olhar direito para as pessoas a minha volta. Sabe quando saímos com pressa e com uma imensa lista de tarefas a resolver ? Só que no meu caso, eu não tinha nem uma grande lista e nem pressa.

Na verdade, me lembro de ver 4 pessoas – em meio a tantas que encontrei pelo caminho, que mais pareciam “centenas de pessoas passando por mim ao mesmo tempo”. Uma destas pessoas foi a caixa do Empório que depois de perguntar se o açúcar mascavo era realmente bom, ficou tentando perceber as diferenças e semelhanças entre mim e a minha irmã e tinha certeza que meus olhos eram de cor clara  – e ficou olhando para confirmar porque estava absolutamente convencida disso – ( meus olhos são castanhos escuros). Até comentei, brincando com a minha irmã,  “acho que ela viu a minha luz interior!”.

Neste Empório, os funcionários são sempre simpáticos e realmente eu percebi que gosto mais de ir lá do que em um mercado maior.

Ao sair de lá fui ver o caderno e nessa grande loja, consegui “enxergar” mais duas pessoas. Uma menininha que se aproximou, me olhou nos olhos e timidamente disse “excuse me” (com licença) para que eu liberasse um espaço para ela também poder escolher o seu caderno. E meio minuto depois já estava ela abraçando satisfeita o seu caderninho, enquanto eu permanecia ali perdida, tentando me concentrar para escolher o meu, em meio a tantas opções.

E também teve o caixa dessa mesma loja que se despediu com gentileza e depois me chamou para perguntar se o kit de costura esquecido por alguém em um canto, me pertencia (o detalhe é que meu mais novo hobbie é a costura e cheguei a pensar em comprar mais um carretel de linha branca, mas desisti – sincronicidade?!).

E eu quase ia me esquecendo da caixa do último mercado ( um mercado maior) – que passei por último – que também foi especialmente gentil.

Todos os atendentes foram muito gentis! Eu achei curioso isso, porque muitas vezes, as pessoas acabam agindo em piloto automático, principalmente em atividades repetitivas, mas estes funcionários trabalhando em um sábado e mais essa menininha se destacaram em meio “à multidão”.

Mas a questão é que eu só me lembrei dessas pessoas e me dei conta de tudo isso, quando cheguei em casa. Foi uma sensação muito estranha: me senti como se tivesse passado todo o tempo entre centenas de pessoas e ao mesmo tempo enxergado apenas quatro pessoas no caminho, além de nós. Enquanto estava nesse entorpecimento na rua, horas se passaram sem que eu percebesse. Eu estava exausta e com muita fome – e só havia caminhado por um pequeno trecho dentro do meu próprio bairro.  Parecia mesmo que tinha passado por uma maratona. Naquele minuto, eu só queria comer algo quente e descansar.

Só no fim da noite e no dia seguinte, consegui entender que o meu corpo estava reproduzindo uma “bioquímica da ansiedade”, herdada de padrões e hábitos antigos.

Há algumas semanas, eu havia lido um dos livros de Joe Dispenza e ele explicava com detalhes que um pensamento, um comportamento, um hábito que se repete, vai criando um “caminho neural”, uma resposta bioquímica padrão que liga pensamento e emoção, mas que depois de longo período de repetição, este caminho se estabelece e pode passar a atuar (surgir) no corpo de forma independente, ou seja, não é mais preciso um pensamento ou uma situação geradora de emoção para desencadear uma resposta no corpo. O corpo fica viciado naquela “química” e passa a reproduzir a sensação hora ou outra, e é por isso que, em alguns casos de ansiedade ou depressão, não conseguimos por vezes identificar de onde vem aquela “sensação estranha”.

Nesse livro ele diz que devemos ficar atentos aos “três grandes”: que são o tempo, o ambiente e o corpo para “quebrar o hábito de ser você”.  Esses dias postei uma linda e interessante Mensagem sobre O Tempo. O ambiente, fala da energia do lugar e das pessoas que nos envolve e afeta já que também somos feitos de energia e então vem o corpo, com a bioquímica que pode ser viciante.

Assim, você pode sentir ansiedade ou qualquer outra emoção sem que nada específico, na prática, esteja acontecendo fora de seu corpo ou mesmo em seus pensamentos. É como um vício que diz: “Por favor, um pouco mais de ansiedade para animar as coisas” – um vício que cada vez quer mais e mais, até que nos leva ao estresse total.

O corpo desencadeia a reação interna e então, passa a nos estimular, nos “incomodando” para ter mais daquilo. Então, é possível que a minha mente tivesse criado esse script pela manhã:  “Você tem que resolver muitas coisas, resolva o máximo que puder. Você tem que aproveitar o tempo, então se ocupe bem dele, não se importe com nada e nem com ninguém, passe horas caminhando, carregue peso, aperte logo o piloto automático, assim será mais fácil. Vamos lá! Eu sei que você pode!”.  E o meu corpo (lindo e abençoado – porque a culpa não é dele) ligou o tal botão, bem cedinho, antes que eu saísse de casa. Um antigo padrão?

Eu sempre fui uma pessoa multitarefas. Daquelas realmente capazes de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e que não fogem da tarefa, com as famosas frases:  “eu dou conta”, “deixa que eu resolvo isso”, “não se preocupe, vou dar um olhada”, “deixa comigo”.  Mesmo diante de coisas que eu não tenho a menor ideia de como ou quando poderei fazer normalmente, eu diria: “eu me viro”, “vamos descobrir”.

Eu sempre achei que isso fosse a maior vantagem. E acho que reforcei isso depois que fui professora de educação infantil. Cuidar de 10 crianças com temperamentos diferentes e com menos de seis anos de idade, ao mesmo tempo, faz você acreditar que a mágica – e com certeza, que Deus – existe! Parecemos um polvo com tantas coisas que conseguimos segurar nas mãos, aprendemos a consertar coisas e improvisar, só para deixar todo mundo bem. Temos uma memória de elefante, não só para nomes , mas para identificar e lembrar mais facilmente de remédios, horários, dietas e claro, do pequeno ajudante do dia. Uma tarefa especial demais. Desafiadora, mas especial! Impossível de esquecer de esquecer.

Agora somando isso ao perfeccionismo e exigências, imagine que padrão temos aí!?

E esse padrão veio a tona e me abalou naquela proporção de 5 vezes mais – ou seja, me afetou com muito mais potência – como tem sido com tudo, depois que comecei a essa jornada.

Quando estamos em um processo de mudança, ou despertar, em um jornada, nos encontramos mais abertos, mais atentos e até mais sensíveis, então, percebemos melhor muitas situações e claro, elas vão chegando para serem transformadas, para nos conduzir mais facilmente ao ponto que desejamos chegar.

Porém, o desafio está em lidarmos com a intensidade das coisas, que podem afetar tanto o nosso equilíbrio, podendo até nos levar a duvidar se estamos na direção certa.

Tudo isso faz parte da jornada e ajuda a fortalecer a nossa fé e confiança em uma Força Maior. Se conseguirmos passar pelas tormentas e desafios estaremos muito mais fortes. E eu estou buscando passar pela tempestade. Penso que tudo tem um propósito maior e confio que minha Alma está carregando o guarda-chuva.

*Para quem ficou interessado, o nome do livro é Quebrando o hábito de ser você mesmo. O documentário Quem Somos Nós? também ilustra bem esse mecanismo bioquímico das emoções.

Com todo o meu amor,

Natalia Loyola

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